A Prefeitura do Rio de Janeiro informou, na madrugada desta quarta-feira (29), que não há mais vias obstruídas em decorrência das retaliações do Comando Vermelho (CV) à Operação Contenção, deflagrada ontem (28) pelo Governo do Estado nos complexos do Alemão e da Penha. Segundo o Centro de Operações e Resiliência (COR), a última via a ser liberada foi a Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, sentido Jacarepaguá, por volta das 2h45.
A ofensiva, considerada a maior ação integrada das forças de segurança dos últimos 15 anos, mobilizou mais de 2,5 mil policiais civis e militares. O balanço mais recente aponta 81 presos, quase 100 fuzis apreendidos e grande quantidade de drogas ainda em contabilização. Pelo menos 64 pessoas morreram, entre elas quatro policiais.
Deflagrada após mais de um ano de investigação e 60 dias de planejamento, a operação teve como objetivo capturar lideranças criminosas e conter a expansão territorial do Comando Vermelho. Centenas de mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos a partir de inquéritos da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). A ação contou com o apoio do Ministério Público Estadual e seguiu as diretrizes do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ADPF 635, como o uso de câmeras operacionais corporais e o suporte de ambulâncias na região.
Durante a tarde de terça-feira, o tráfico orquestrou represálias em várias partes da cidade, com barricadas formadas por veículos e entulho em vias importantes, como a Linha Amarela, a Grajaú-Jacarepaguá e a Rua Dias da Cruz, no Méier. O cenário de guerra gerou horas de tensão e confrontos intensos, que se repetiram por volta das 18h30.
Em entrevista coletiva no início da noite, o governador Cláudio Castro afirmou que a operação não tinha hora para terminar. Ele classificou a ação como um enfrentamento ao narcoterrorismo e ressaltou que o Estado está preparado para reagir.
— Estamos atuando com força máxima e de forma integrada para deixar claro que quem exerce o poder é o Estado. Os verdadeiros donos desses territórios são os cidadãos de bem, trabalhadores. Seguiremos firmes na luta contra o crime organizado. O que estamos enfrentando não é mais crime comum, é narcoterrorismo. Os criminosos estão usando tecnologia de guerra: drones, bombas e armamentos pesados. Mas o Estado está preparado — afirmou o governador, durante coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).
Participaram da operação policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE), de batalhões da capital e da Região Metropolitana, além de equipes da CORE e de todas as delegacias especializadas da Polícia Civil. O aparato tecnológico incluiu dois helicópteros, 32 blindados terrestres, drones, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da PM e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate.
O governador destacou que a política de segurança do Estado tem se baseado em investigação, integração e investimento. Pelo terceiro ano consecutivo, o Governo do Rio ultrapassa R$ 16 bilhões em recursos destinados à área, o maior volume em mais de uma década.
— Os confrontos acontecem majoritariamente em áreas de mata. Todo o planejamento foi feito para proteger vidas, atuando fora das regiões urbanas e reduzindo o risco para a população. Isso mostra o nível de responsabilidade e preparo das nossas forças — completou Castro.
O governador também defendeu a necessidade de um pacto nacional pela segurança pública e pediu união das instituições no enfrentamento ao crime organizado.
— Essa guerra não é só do Rio, é do Brasil. Nenhum Estado consegue vencer sozinho. O tráfico atua em todos os estados e tem poder econômico. Precisamos de um pacto nacional pela segurança pública, com apoio de todas as instituições, inclusive das Forças Armadas. Não é uma briga política. É um clamor em prol da segurança pública. O que existe, infelizmente, é a falta de priorização da segurança no cenário nacional. E quem sofre com isso é o cidadão — concluiu.